Sunday, December 16, 2007

NOITES DE PALERMO - 2

No Correio da Manhã , Carlos de Abreu Amorim , diz por que não é conservador, demarcando-se da direita provinciana e beata, salazarista, que, para combater a criminalidade violenta clama por mais polícias nas ruas. Com chamada de antenção no Blasfémias, o artigo de CAA começa por invocar Benjamim Franklin (1706-1790) fora do contexto:
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"Aqueles que são capazes de trocar a sua liberdade por alguma segurança não merecem nem a liberdade nem a segurança"
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para proclamar de forma heróica:
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Converter a perda de liberdade numa questão moral ou cívica é negar a essência do liberalismo. Quem o fizer ou é conservador ou socialista – porque aquilo que os une é precisamente o que os afasta dos liberais.
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Percebo o ponto de vista de CAA e a sua incontida desilusão mas penso que está a olhar para o lado errado.No caso em questão, o que deve discurtir-se não é a maior segurança em troca de menos liberdade, ou vice-versa.
Porque não devemos ter um polícia ao lado de cada cidadão (e um polícia também o é, até prova em contrário) mas não penso que alguém advogue a extinção total das polícias. Aliás, o mais profundo libertarianismo não prescinde de guarda-costas.
Assim sendo, o que (mais) importa saber é se os polícias que temos são ou não suficientes para a segurança que desejamos.
Poder-se-á argumentar que isso implica previamente um raciocínio que tem de enfrentar a questão do grau de liberdade individual.Pode, mas pode ser ultrapassado através de uma comparação simples:Temos mais ou menos polícias por mil habitantes que os países europeus nossos vizinhos e consócios?
Temos mais.
Como temos mais, o problema é, parece evidente, de falta eficiência das nossas polícias.
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A discussão política do assunto deve dar lugar à discussão da capacidade e dos meios que a polícia tem ao seu dispor.
E, então, poderemos ter de discutir liberdade versus segurança se esta implicar, por exemplo, a perseguição do crime percorrendo o trilho do dinheiro.
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Aí sim, haverá discordâncias. Mas não penso que elas se situem, neste caso, nas alas da direita.
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O resto, (...), é uma discussão acerca do sexo dos polícias.

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