Tuesday, November 27, 2007

A TRAGÉDIA DO RIO DAS FLORES



Miguel Sousa Tavares é um best seller; José Rodrigues dos Santos, outro; e não citemos mais nenhum para não lhes arranjar piores companhias.
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Há dias entrei na FNAC do Shopping de Cascais e havia uma montanha de livros a esgotar-se em breve. Na Bertrand (ou será Bulhosa?) ao lado, a mesma montanha em vias de desaparecer. Tirou cem mil exemplares, para começar, e as prendas de Natal vão dar conta deles. Sem a minha ajuda, diga-se passagem.
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José Manuel Fernandes, director do Público, decidiu, sabe-se lá porquê, pregar uma patifaria ao Miguel, inconsequente a todos os títulos e comerciais sobretudo, e pediu ao Vasco Valente uma crítica ao exercício. Ora o Vasco não é crítico literário mas para umas sopas ajeita-se.
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E cascou. Desancou até dizer basta.
Até pode ter razão ou uma carrada delas. Mas seja qual for o mérito do livro, o Vasco cascaria nele que nem um Valente. E o Zé Manel sabia disso. Tanto mais que, confessadamente, o Vasco tinha umas contas a ajustar com ele desde as declarações de Miguel numa entrevista ao "Expresso".
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Tricas à portuguesa.
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Transcreve-se a seguir o início dessa peça vingativa servida a quente. O prato completo consta de doze páginas, doze. Para tanta pancada não há espaço neste blog.
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Rio das Flores Vale pouco ou nada como romance histórico, é pobre e vulgar como romance de família
24.11.2007
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Pedimos a Vasco Pulido Valente que lesse Rio das Flores, o último livro de Miguel Sousa Tavares. O romance conta a história de uma família de latifundiários alentejanos na primeira metade do século XX. O historiador, especialista da República, não gostou e diz que o escritor não ilumina a época nem a percebe
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"Numa entrevista ao Expresso, Miguel Sousa Tavares contou um caso, inteiramente imaginário, da minha suposta desonestidade (teria criticado o Equador, sem o ler) e acrescentou alguns comentários desagradáveis. Como é natural, desmenti. Isto bastou para que ele anunciasse por SMS à minha mulher e, a seguir, no Diário de Notícias que "ia dar cabo de mim". Parece que, segundo o critério dele, não "deu", por esta vez, "cabo de mim". Ficou pelo insulto e pela injúria; e pela ameaça implícita de que, se quisesse, revelaria episódios da minha vida pessoal (cinco ou seis) para liquidar a minha figura pública.
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Nestas digressões Miguel Sousa Tavares não falou uma única vez de um livro meu ou do meu jornalismo. Excepto sobre o meu "carácter" privado, não abriu a boca. Em cinquenta anos, não me lembro de encontrar um ódio tão inexplicável. Fiquei espantadíssimo e até, num encontro de acaso, lhe tentei falar, para o ouvir e, como lhe disse, para lhe poupar no interesse dele uns tantos disparates no Rio das Flores. Não quis.
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Escrevo esta crítica sem prazer. Nada pior do que ler um livro mau, excepto escrever sobre um livro mau. Mas, como se compreende, não podia deixar que a brutalidade de Miguel Sousa Tavares chegasse para me calar..."
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E não calou.

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