Tuesday, May 01, 2007

CONSUMIDORES E TRABALHADORES

Caro J
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V. interroga hoje, se os sindicatos ainda fazem sentido. Fazem, mas têm de o reinventar.
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Quando V. diz, com ironia, que os sindicatos mais visíveis, hoje, são os da polícia e os dos juízes, dá o mote certo mas depois vira-se para outro lado.
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A verdade é que os sindicalistas que hoje ainda conseguem gerir orçamentos com alguma dimensão são os que estão normalmente ligados à função pública, aquela onde o emprego ainda é para toda a vida e os resultados são déficits para todos pagarem.
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Nas empresas, e sobretudo nas empresas de bens e serviços transaccionáveis, a cantiga é outra.Há, evidentemente, quem veja em tudo isto as consequências da "febre amarela" que deveria ser tratada com taxas alfandegárias suficientes para manietar a concorrência do "dumping social".
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A questão não é só nossa, como bem sabe, ainda que normalmente as dificuldades ataquem os mais vulneráveis. Mesmo nos EUA o problema põe-se e, ainda há dias, a Administração Bush aumentou as tarifas sobre a importação de um tipo de papel (high-gloss paper) que não representa mais do que um por mil do déficit comercial norte-americano. Mas ningém está convencido de que é esse o caminho certo.(Para quem quiser ver mais sobre esta questão vá até ao "Aliás" e procure 3 ou 4 "posts" sobre o assunto colocados em Março deste ano).
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E mesmo quanto à função pública, ainda há dias, na véspera do 25 de Abril, Vital Moreira concluía um artigo no Público (Sindicatos e interesse público) rematando. Cito:"Por conseguinte, a nova guerra da Fenprof é para perder. No conflito entre interesses profissionais e os interesses da escola pública, o Estado só pode atender aos primeiros sem sacrificar os segundos."
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Pois é: Há mais utentes e consumidores que trabalhadores. Podemos dizer aos chineses que as suas mercadorias passarão a pagar mais 20 ou 30% de direitos alfandegários ( 30%, chegarão? creio que não) mas a diferença teremos nós, consumidores de a pagar.Enquanto os sindicatos não perceberem isto, realmente só polícias, juízes e todos os que são pagos pelo orçamento geral do estado, terão a defendê-los, por enquanto, sindicatos criados nos moldes de há mais de um século. Os outros terão de repensar o movimento sindical mais apropriado aos reais interesses dos trabalhadores portugueses. Recentemente, na Auto Europa, percebeu-se por onde vai o caminho certo.Na GM da Azambuja, pelos vistos, não.

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