Tuesday, April 10, 2007

OS OTÁRIOS 3

Uma vez mais acerca da OTA
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Caro J.
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É espantoso que uma questão tão importante para a vida do país esteja a ser discutida sobretudo na praça pública. Em qualquer país, com um mínimo de sentido democrático consolidado, a discussão far-se-ia primordialmente no Parlamento.
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Em Portugal, tanto quanto nos podemos aperceber, tem sido Jorge Coelho, que deixou a seu pedido a AR, quem tem feito as honras da casa pelo lado do Governo. Pelo lado da Oposição estica-se MMendes, e pouco mais.
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Mas os seus discursos têm sido debitados sobretudo fora do sítio certo. JCoelho argumenta que o aeroporto da OTA custará ao Estado, quanto muito, 10 a 20% do valor total. Por quê 10 a 20% e não 50% ou nada, V. sabe?Em outras ocasiões, argumenta o Governo que existem interessados privados na construção e exploração do aeroporto. É curioso que esses interessados apontem para uma quota de participação de 80 a 90% mas não subscrevam a totalidade. Por quê?
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Se MMendes, no Governo em que participou, era a favor da OTA e agora é contra, a mim não me diz nada. Porque tanto me pode dizer que ele mudou (honestamente) de ideias como me pode dizer que ele mudou oportunisticamente de campo. O que me interessa saber é se as contas foram feitas e a que resultados conduzem as contas.Um projecto decide-se em função do resultado das contas e de determinadas opções políticas. Ora as continhas é que deveriam ser discutidas. E as opções políticas.
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E se há iniciativa privada interessada na construção e exploração do novo aeroporto por que não se coloca o projecto a concurso e se decide em função das propostas recebidas? Por que razão se esforça o Governo na definição de um projecto que não vai construir nem explorar? Ou, quanto muito, mas não explica por quê, vai participar em 10 a 20%. Por que não se decide o Governo em função do mérito relativo das propostas que receber? Porque não analisamos as contas só depois de elas estarem feitas?
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Esta é que é a verdadeira questão.Só que ninguém pega nela, talvez por este atavismo que temos contra as contas.

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