Friday, April 20, 2007

OS iMORAIS

Nada mais comprometedor para a democracia do que o abuso que é feito das liberdades que ela concede. Em Portugal as denúncias são muitas mas as sanções escassas. De vez em quando há um ou outro desprevenido que se deixa agarrar para demonstrar que a Justiça não está morta, dorme a sono solto com raros períodos de estremunho, mas a maioria dos abusadores das liberdades democráticas regala-se de gozo. É esta letargia da Justiça que vai corroendo os alicerces da democracia, aproveitando-se os pregoeiros da desgraça para cantar à desgarrada ó-tempo-volta-para-trás.
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Morais com processo em curso tínhamos, pelo menos um. Se o processo já prescreveu ou está em vias disso, deixou de ser notícia. Entretanto, foram empilhados em cima desse vários outros que esperam que o tempo os faça amadurecer e cair de podres.
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De uma assentada, vão cair-lhe, se não cairam já, mais três Morais imorais, em princípio. Quem dá conta disto é o Público de hoje, "Instituto público ajudou a planear casa particular de Armando Vara. Governante recorreu a António José Morais, ex-professor de Sócrates. Morais, GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e construtora da Covilhã fizeram moradia de Vara em Montemor-o-Novo. Ex-professor de Sócrates, técnicos do GEPI e empresas à qual o MAI adjudicava as obras fizeram a casa, em 1999, do então Secretário de Estado"
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Há quem veja por detrás deste esforço que o Público tem feito ultimamente de noticiar vários escândalos relacionados, directa ou indirectamente, com o PM, o dedo do patrão do jornal, ressaibiado com a derrota na OPA da PT. Os sintomas deste desgosto de Belmiro de Azevedo não se ficam, aliás, por aqui, ele que foi um público entusiasta da ascensão de Sócrates.
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Pode ser. Mas é inquestionável que, de um momento para o outro, o PM viu-se enredado numa malha de escândalos que seriam pequenos e fáceis de ultrapassar por qualquer comendador mas dificilmente se curarão na pele de José Sócrates sem lhe deixarem marcas.
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Para Paulo Portas, este filme não podia ter estreado em melhor altura, apesar da fragilidade dos seus próprios telhados .

1 comment:

Fliscorno said...

Enquanto a justiça não for eficaz e célere, alguns contarão com o seu passo de lesma para fazerem o que bem lhes apeteça. O País não funcionará enquanto as pessoas não forem responsáveis e responsabilizadas pelos seus actos.