Sunday, March 18, 2007

OS OTÁRIOS 2

MJ,
.
Têm-me chegado aqui notícias de alvoroço que para aí vai acerca do aeroporto (que talvez venha a ser) da Ota . Percebe-se: não é todos os dias que vamos ter oportunidade para discutir um aeroporto. É assunto tão excitante como o cometa que só passa de 130 em 130 anos, o que quer dizer que é preciso muita sorte e estar atento para o ver passar. Passam-se gerações e gerações de gente que não dá por quanto custa, mas também o gozo que dá discutir, um aeroporto! Para já, portanto, e independentemente do preço, do prazo e do local onde o aeroporto vai aterrar, somos uns felizardos. Até porque, minha cara amiga, isto de já ter uma certa idade dá alguma vantagem: nós discutimos o aeroporto mas o mais certo é continuarmos a poder apanhar o avião na Portela. E quem o utilizar na Ota que o pague!

Posto isto, se a nossa condição de cidadão com aeroporto à porta continua garantida ainda por muitos anos, assim os vivamos, nada nos impede de dar uma ajuda na matéria.
.
A mim que, repito, nada sei de aeroportos, a não ser como utilizador, sei que investimento gerido pelo Estado vai-nos ao bolso mais do que devia. Assim, sendo, e isto é receita que recomendaria para todos os casos, o Estado deveria promover um concurso internacional para a construção e exploração privada do novo aeroporto. Porque, minha cara amiga, eu não percebo nada de aeroportos mas sei, sem grandes dúvidas, que os investimentos públicos são como os cães sem dono: se lhes passamos á beira dão-nos uma dentada. E não é pecha portuguesa, não, ainda que nós consigamos geralmente destacarmo-nos: ainda recentemente li uma notícia que dava conta que as obras de construção de acessos (tipo Louvre, se bem percebi) ao Capitólio, aqui em Washington, já estão a custar muito mais em tempo e em prazo. Ponto comum: investimento público.

Aliás, nem percebo que não se entregue o assunto aos privados atendendo ao que tem sido amplamente defendido pelo Governo: de que tanto o aeroporto como o TGV têm privados interessados. Ora o nosso problema principal, já se sabe, é a falta de investimento aliado à falta de dinheiro.
Entregando estes dois investimentos (que pelos vistos prometem ser altamente rentáveis) á iniciativa privada, matam-se 3! brutos 3! coelhos de uma cajadada: Um aeroporto, a aterrar onde a iniciativa privada achar por bem, um TGV a passar por onde lhe der na real gana, sem custos para si, nem para mim, nem para o Tiago!

Parece-me tão simples que deve faltar qualquer coisa. Mas não sei qual é.

Com amizade

No comments: