Tuesday, March 20, 2007

O TRIGO E O JOIO

O Prof. Carlos Fiolhais transcreveu no De Rerum Natura um artigo seu publicado no Público:
BATE, QUE É PROFESSOR!.
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Comentei:
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Leio o seu artigo e destaco dele o último parágrafo:"Já que os sindicatos o não fazem, não haverá ninguém que defenda os professores?".
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E fico perplexo porque para mim a resposta é óbvia: quem é que pode e deve defender os professores se não eles mesmos?
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Estamos, em Portugal, habituados a esperar que os nossos problemas sejam resolvidos pelos outros. Os sindicatos fizeram um trabalho, que beneficiou muitos professores (os efectivos), prejudicou outros (os eventuais) e muito mais os que não têm hipótese de entrar porque o sistema está fechado. Fechado, para muitos que poderiam realizar funções docentes de forma mais capaz do que outros que têm o seu posto de trabalho assegurado, independentemente da competência com que o desempenham.
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E isto desde a primária até à universidade.
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A questão da violência nas escolas demonstra até que ponto não existe solidariedade do colectivo. Como é que se compreende que numa escola que emprega dezenas, ou centenas, de pofessores estes se mostrem incapazes de dominar "pequenos terroristas"?E se acaso o assunto não é de "pequeno terrorismo" mas de vandalismo adulto, não há esquadra de polícia a quem possam pedir que faça o que deve?Há diferença entre a ameaça à integridade física, seja de quem for, se ela for praticada na rua ou na escola?
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Quanto à apreciação paternal do mérito dos professores: admitamos que não estamos a falar da escola pública mas de uma escola privada. Aceitará o director, que frequentemente é o empresário, que os pais dos seus alunos não se pronunciem acerca dos professores, aceitando passivamente, que eles os tirem daquela escola para os colocarem noutra?Seguramente, não.
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Então qual a diferença entre esta situação e a da escola pública?Nenhuma.Na escola pública pagamos as propinas sob a forma de impostos, mas o direito de os pais se pronunciarem não pode ficar diminuído por esse facto.
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Há um aspecto relevante em tudo isto que o seu artigo não aborda, mas é crítico: os professores têm sido recrutados sem provas de admissão. Entram muitos que não têm competência pedagógica nem vocação profissional. Enquanto os professores não reconhecerem este facto continuarão a ser vítimas dos equívocos para que não querem olhar.
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Porque a escola, é preciso dizê-lo, tem muita gente competente ao seu serviço mas também nela há muito joio que deveria ser separado.

2 comments:

Joao C R said...

Infelizmente não tenho tanto tempo como isso para andar por aqui nos blogs, mas enfim..quando posso... Achei muito boas as fotos, dá realmente vontade de visitar. quanto a professores e alunos: Penso que chegámos a um ponto em que os pais (culpados por omissão, de grande parte dos problemas com alunos) devem ser chamados à escola para resolver os problemas com os seus filhos em comunhão de ideias com os professores. Não é normal que os professores tenham o papel de pais, de educadores, de tutores e pos vezes até de policias desarmando alunos armados. Só super-professores e poderiam fazer e mais quando são os pais a não admitir quaisquer formas de educação mais "severas" com os seus filhos. Se o puxão de orelhas não é dado em casa e não pode ser dado na escola, nalguns casos ele ficará sempre em falta.

rui f. said...

Meu caro João,

Obrigado pelos teus comentários.

A educação em casa é fundamental mas que há muitos professores que não dão conta do recado também é um facto.

Abraço