Thursday, February 22, 2007

INVESTIR NA MACEDÓNIA

De vez em quando vêm à tona as preocupações de muita gente ilustre com os centros de decisão nacionais.
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Desta última vez, a propósito da galopante participação de La Caixa catalã no BPI e da assimetria de oportunidades de que esta usufrui sem contrapartidas, no mercado bolsista, por ser maioritariamente detida pelo Estado. Da troca de argumentos que a questão levantou, fica cada vez mais patente que o sistema financeiro português se vulnerabiliza à medida que a captação de recursos para o crédito concedido internamente se realiza em grande parte no estrangeiro e através de entidades financeiras estrangeiras.
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Os núcleos duros de accionistas que no BPI ou no BCP, ou em qualquer outra empresa com capital disperso em bolsa, garantem a estabilidade da gestão e os centros de decisão em Portugal, só se mantêm duros enquanto os interesses próprios de cada um dos seus membros não forem atraídos por outras alternativas.
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O antídoto político para a eventualidade das deslocalizações é sempre de efeito transitório, implica, geralmente, custos enormes para o Estado e gera, a longo prazo, efeitos perversos na economia. Para muitos economistas é este efeito perverso que justifica em grande parte um dinamismo menor das economias europeias do continente relativamente às anglo-saxónicas e norte-americanas onde os governos são menos interventores na actividade económica.
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As deslocalizações de centros de decisão ou de operações das empresas são a consequência incontornável da globalização. De qualquer modo, a intervenção do Estado, a existir, será sempre mais eficiente quanto às segundas do que quanto às primeiras, com a vantagem acrescida de que todas as políticas de atracção de investimento terão sempre, se forem bem sucedidas, efeitos sobre a fixação de centros de decisão.
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No caderno de Economia do "Expresso" de Sábado passado vinha publicado um anúncio, que é um entre muitos, exemplar da promoção de competitividade entre as diferentes áreas de negócios na Europa e no Mundo:
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INVESTIR NA MACEDÓNIA / Novo Paraíso dos Negócios da Europa.
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. O mais baixo imposto sobre o lucro 10%
. O mais baixo imposto sobre o rendimento 10%
. Imposto sobre o lucro reinvestido 0%
. Processo rápido de registo da sociedade 3 dias
. Trabalho competitivo e abundante €370/salário médio bruto por mês
. Acesso livre a um grande mercado 650 milhões de clientes
. Estabilidade macro-económica
. Infra-estrura excelente Wi-Fi-país
. País candidato à União Europeia e à Nato
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Há algum bluff neste baralho, reconheça-se.
Mas nem tudo é bluff. Também há trunfos.
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E em Portugal? Que trunfos temos para atrair e não repelir? Os sindicatos deviam ler este anúncio; O governo também; A oposição, idem.
Porque era disto que o ministro Pinho queria falar, há dias , quando se esqueceu que estava na China.

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