Monday, November 13, 2006

SINDICATOS DOS INSTALADOS

Meu caro Luciano,

"Le niveau des inégalités en Europe dépend d’éléments historiques : les pays du Sud disposent d’une population rurale pauvre beaucoup plus forte. Dans les pays du Nord, les compromis sociaux établis entre les directions d’entreprises et des syndicats forts ont permis de répartir plus équitablement les fruits de la croissance.”

Observatoire des inégalités

Agradeço-te o recorte, mas recordo-te que os Sindicatos, em Portugal, se têm esforçado por aumentar as desigualdades. Porque aqueles que situam no quartil inferior dos rendimentos não têm Sindicatos que os representem. Os Sindicatos, em Portugal, têm tido força suficiente para aumentar as diferenças entre os salários na função pública e os de funções equivalentes na actividade privada.
Um professor, (a carreira docente representa cerca de 28% de toda a função pública) em fim de carreira, e todos querem chegar ao topo, ganha, em média mais 30% que os seus colegas europeus. O salário médio dos portugueses é, por outro lado, e curiosamente, cerca de 30% mais baixo que o dos outros europeus. Sintomático, não? Acresce que, por força da força dos sindicatos dos professores, o leque salarial e condições de trabalho dos professores espelha bem as desigualdades que caracterizam o país: de um lado os que trabalham com contratos precários há anos, todos os anos com o credo na boca e a casa às costas, e os instalados com os melhores salários da Europa, inamovíveis, inimputáveis, com horários reduzidos.
Hoje, foi notícia o anúncio pelo PM, a encerrar o Congresso do PS, que iriam ter início negociações em Concertação Social para aumentarem o salário mínimo de forma significativa nos próximos 3 anos. Ouvi na rádio o depoimento do presidente da CAP a propósito desta intenção: Pois para o presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses o problema do salário mínimo não se põe porque o sector paga bem acima do salário mínimo. O problema, segundo ele, coloca-se nos sectores da construção civil, da restauração e dos texteis, e não envolve mais do que 5% dos trabalhadores portugueses!
Por onde é que anda, em Portugal, essa população rural pobre que o presidente da CAP não a vê?
Nem o presidente da CAP, nem os sindicatos, nem os grevistas.
Pobre mesmo, como é que pode fazer greve?

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